terça-feira, 16 de agosto de 2016

Bon Jovi em números

Sempre fui fascinado por análises estatísticas, mesmo sendo um zero à esquerda com números. No meu trabalho de comunicação no meio esportivo, esses levantamentos ajudam a elaborar pautas sobre desempenho e também fazem o atleta entender, em diversos momentos, onde precisa evoluir. Mas e se  aplicarmos isso ao meio musical? Como a matemática pode nos ajudar a entender a evolução de uma banda? Bom, é o que tentarei fazer neste post para mostrar como os números podem explicar as mudanças ocorridas na música de Bon Jovi ao longo dos anos.

O espaço cada vez mais concorrido nas estações de rádio e emissoras televisão criaram a necessidade da diminuição do tempo de canções a serem executadas nas mesmas. Se na década de 80 a MTV abria espaço para extensos videoclipes e as rádios não se preocupavam muito com a duração das músicas, hoje em dia o cenário é bem diferente. Atentos a isso, é interessante observarmos uma banda que atravessou com sucesso estrondoso os últimos 30 anos.

Durante as décadas de 80 e 90, Bon Jovi lançou oito álbuns regulares contendo cancões inéditas (contando a coletânea Crossroads). Foram 71 faixas, com 29 delas lançadas como singles. De todas elas, apenas 11 (15%) tinham 4 minutos ou menos de duração, e dentre os singles, somente "Runaway", "Burning for Love" e "Bad Name" se enquadram no perfil de músicas mais rápidas.

A mudança de paradigma veio no início a década seguinte. O sucesso estrondoso de "It's my Life" aliado ás mudanças tecnológicas do início dos anos 2000, que geraram a necessidade de consumo cada vez mais rápido de bens culturais, fizeram com que a banda mudasse completamente a fórmula bem sucedida das décadas anteriores. O primeiro single de Crush recolocou a banda nas paradas de sucesso e inaugurou a época de cancões com introduções curtas e solos compactos, tirando o protagonismo da virtuose dos músicos da banda e dando destaque cada vez maior à interpretação vocal de Jon Bon Jovi.

Desde o lançamento de "Crush", no ano 2000, também foram oito álbuns, com 83 músicas e 26 singles. As faixas mais rápidas, que antes somavam 15%, passaram a representar 44% (37) e 54% dos singles (16). Os álbuns onde a banda de New Jersey menos apostou nesse molde nos últimos 16 anos foram "Lost Highway" e "The Circle", que não possuem nenhum single 4-.

Não estou aqui querendo dizer que música rápida tem qualidade inferior. Bandas como Beatles e Rolling Stones estão aí para provar o contrário. Contudo, será muito complicado daqui em diante vermos introduções como as de "Keep the Faith", "Lay Your Hands on me" ou "These Days"; solos como os de "Dry County" ou "Bed of Roses e os famosos fade-outs de "Always", "Hearts Breaking Even" ou "I Believe". Canções como "Next 100 Years", "Two Story Town", "Love's the Only Rule" são pérolas perdidas para quem aprecia o Bon Jovi das antigas e ainda segue a banda fielmente.

Enquanto isso, o novo single "This House is not for Sale" foi divulgado na última semana... e adivinhe: 3:36 segundos de música. Bom dizer que não consta nas estatísticas, pois o álbum ainda não foi lançado.

*Não foram computados box, lives, singles avulsos, DVDs, etc. Apenas álbuns regulares e greatest hits, desde que contivessem músicas inéditas.





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